Para reafirmar estratégias de enfrentar o racismo nas suas diversas dimensões, qualificar o atendimento de saúde e possibilitar o acesso da população negra maranhense no Sistema Único de Saúde (SUS), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) lançou a campanha “Saúde para todos – Por justiça social e equidade ético racial” e o Boletim Epidemiológico “Saúde da população negra no Maranhão”, nesta quinta-feira (28), no Seminário “Maranhão na Trilha da Promoção Étnico Racial”, em São Luís (MA).
A secretária adjunta da Política de Atenção Primária e Vigilância em Saúde da SES, Deborah Campos, lembrou que o Governo do Estado assumiu o compromisso de implantar políticas públicas de equidade e garantir o fortalecer o protagonismo dos territórios. “Esta Trilha da Promoção Étnico Racial é um trabalho que vem sendo feito pelas equipes da SES nas comunidades dos 217 municípios e atendeu 99 mil pessoas negras. É um trabalho contínuo e que busca avançar de forma rápida e efetiva nas políticas públicas de saúde, garantindo atendimento de saúde igual para todos”, disse.
O Boletim Epidemiológico da População Negra decorre da necessidade de compreender as desigualdades em saúde, que afetam de maneira significativa essa população, possibilitando a busca de intervenções mais eficazes no combate e controle dessas doenças ao fornecer dados atualizados para gestores, profissionais de saúde e a população em geral. O boletim também vai apoiar a tomada de decisões no planejamento e execução de ações de prevenção, controle e promoção da saúde por meio de políticas efetivas e inclusivas que promovam a redução das desigualdades na saúde e a melhoria das condições de vida.
O secretário de Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, disse que o Maranhão, assim como a Bahia, tem uma dívida histórica com as comunidades negras e indígenas e agradeceu a parceria da SES neste trabalho de atendimento de saúde às comunidades quilombolas. “Implantar esta política integral de saúde da população negra tem sido possível com a parceria da Fesma Quilombola e dos técnicos da SES que são incansáveis em levar vacinação e outros atendimentos de saúde para as pessoas que mais precisam”, afirmou Gerson Pinheiro.
O Maranhão concentra aproximadamente 80% de população negra. O assessor para a Equidade Étnico Racial do Ministério da Saúde (MS), Luís Eduardo Batista, parabenizou o estado por avançar nas discussões e resgate de uma política integral de saúde da população negra. “Para apoiar ainda mais estas ações que atendem as necessidades das pessoas da periferia, o Ministério da Saúde vai direcionar um integrante para o Maranhão e que atuar junto com as equipes estaduais neste enfrentamento ao racismo e ajudar nos trabalhos junto aos movimentos sociais e conselhos de comunidades negras”, afirmou Eduardo Batista.
Integrante da Rede Nacional de Religiões Afro Brasileira e Saúde (Renafo), Mãe de Santo Nonata de Oxum, afirmou que encontros como este reacendem a esperança de fortalecimento da população negra, quilombola e, principalmente, do povo de terreiro. “A nossa busca pelo pertencimento e letramento racial (cor e raça) precisa ser respeitado e as políticas de acesso à saúde e sociais precisam chegar até as comunidades para que possamos combater o racismo religioso e promover a autoestima e saúde do povo negro e de terreiro”, disse Nonata de Oxum.
O seminário reuniu gestores federais, estaduais, municipais e representantes das comunidades negras e de matriz africana. Participaram também do evento a presidente do Conselho Estadual de Igualdade Racial, Jacinta Santos; a presidente do Conselho Estadual de Saúde, Raimunda Rodackoff, o secretário do Trabalho e Economia Solidária, Luiz Henrique Lula, e a representante do Ministério da Saúde, Germina Prestes.